sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O causo do presente do Dia dos Professores

Davi está na creche desde 7 meses e, em 2013, começou no maternal. Primeiro ano da vida escolar propriamente dita, mas até hoje me pego falando que ele vai para a creche. Só que não. É escola. Tem uniforme, mochila, merendeira.

E tem professor também.

Tudo bem que desde o berçário existia um professor na sala (mais trocentas cuidadoras), mas até então nunca tinha feito nada especial para dar de presente no dia deles. Mãe relapsa, eu sei. Deveria, mas não fiz. Não me toquei. Só vi que era Dia dos Professores quando a escola relembrou em comunicado que naquele dia não tinha aula (e por isso nem curti muito, pois lá fui eu me virar para arrumar alguém para ficar com o pequeno). E tb, né? Já pago caro, eles estão ali para isso, não é favor. Quando eu estudava, não tinha essa parada de presente, nem feriado era (isso eu iria gostar e, com certeza, lembrar!). Mas isso a gente abafa, é meu lado pão-duro da família Ramalho falando.

Só que nesse ano foi diferente. Depois de quase dois anos na escola, já conheço quase todas as mães da sala do Davi e formamos uma lista de e-mails. Uma delas sugeriu dar um presente coletivo, assim faríamos um "ratatá" e não ficaria pesado no bolso de ninguém. Curti a ideia. Demoramos um pouquinho para chegar no presente ideal, mas uma vez decidido, uma das mães se prontificou a comprar. Show de bola!

Só que não acabou por aí. Uma delas sugeriu a entrega de um cartão, com o nome das crianças, para identificar afinal quem foi que deu o presente. E aí veio a ideia: por que não entregar mãos das crianças em papel, coloridas com giz de cera. Fofo, não é? Só que eram 16, eu disse DEZESSEIS professores, entre cuidadores e professores de português, de natação, de capoeira, de música, de inglês. Isso significava um mega projeto artístico caseiro de cada pequeno. Que deveria ser feito em apenas dois dias (a ideia surgiu meio em cima da hora), somente naquele intervalinho curto entre a janta, banho e cama, contando com a sorte de a cria não estar exausta demais e num dia daqueles que só Gzus salva.

Me arrepiei só de ler a sugestão, pensando no drama que poderia ser. Mas vamos lá, todas gostaram, ninguém se manifestou achando que poderia ser complicado. Não ia ser eu que iria estragar.

Esqueci de fazer as mãos no primeiro dia. Ficou para o segundo dia, mais em cima da hora ainda. Tenso. Só que para minha surpresa, deu tudo certo. Davi voltou na escola em ótimo humor e depois da janta e do banho deixou que eu fizesse as 16 mãos no papel. Foi meio complicado ele desenhar depois em cima, mas deu para garantir pelo menos alguns rabiscos em cada uma.

Mas o melhor de tudo foram as mães contando como foi a odisseia de cada uma em casa. Teve gente que fez molde e simplesmente recortou (de madrugada!) no papel rabiscado pelo filho. Teve gente que enfrentou uma noite com problemas de encanamento em casa e mais duas crianças pequenas (com uma delas passando mal) para só então fazer na madruga o molde da mão baseado num projeto artístico anterior do filho (isso depois de ponderar que seria demais tirar o molde da mão do próprio filho enquanto ele dormia). Teve mãe que fez os próprios rabiscos no papel, como se fosse a própria criança (a-mei isso!!!). Teve gente que colou adesivo no lugar de desenhar porque o filho empacou e não queria desenhar de jeito nenhum.

Enfim, um monte de histórias de gente-como-a-gente, falando como foi que conseguiram (ou não) cumprir a tarefa artística do dia do professor. Eu, que às vezes fico achando que sou a única que não dá conta de fazer essas tarefas de mãe (sou mestra em esquecer de mandar fruta no dia da fruta, de esquecer o chinelo no dia da natação, de demorar meses para identificar decentemente o uniforme da criança), achei legal perceber que estamos todas no mesmo barco. Se virando nos 30 para dar conta de tudo, mas nem sempre na perfeição com que nos cobramos. E nem por isso deixa de ser menos divertido!