terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pensamentos aleatórios sobre desfralde

Qual o momento certo? Como não traumatizar a criança? Ando lendo blogs, livros e tentando me informar, mas confesso que estou um tanto quanto perdida. Queria começar os trabalhos de desfralde no verão, perto do aniversário dele. Mas há alguns meses minha sogra já deu de presente um penico e umas cuequinhas. Fiz que nem vi e guardei no armário, lá no fundo. Confesso que deu um misto de "ai, mas ele ainda é um bebê..." com um "ai, que preguicinha de começar este processo..."

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Só para contextualizar esse sentimento, dá para fazer uma comparação com o início da introdução de alimentos. Fiquei tensa de começar a oferecer alimentos, achando que ele estava crescendo muito rápido. Mas fiquei mais tensa ainda com a mudança. Já estava tão prático dar de mamar... A fase de adaptação já tinha passado há séculos, já era prazeroso aquilo tudo. E ia começar a acabar assim? E a praticidade de ter sempre a mão (ou seriam "aos peitos", rsrsrs horrível essa, eu sei) o alimento da cria, sem ter que me preocupar em comprar, em preparar, em oferecer, em limpar. Era fácil, prático e ultra mega saudável. 

Introduzir novos alimentos exigiu dele uma mudança de paradigma, para aceitar o novo. Mas exigiu de mim também. E teve muito cuspe, muita comida negada, muitas horas de preparação de papinha com todo amor do mundo para depois ver uma cara amarrada de choro junto com uma boca travada que por nada do mundo abria. Mas passamos por isso. A amamentação continua (20 meses and couting) e a fase mais difícil da introdução de alimentos passou. Ele come de tudo, mas não sempre e não muito. E a-do-ra mamar.

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Então, voltando pro desfralde, a sensação parece a mesma. As fraldas são tão, mas tão práticas, que dá nervoso só de saber que vamos ter que mudar, que vai ser complicado o processo. Serão vários estágios. Ele começar a entender onde se faz e ir tirando aos poucos em casa. Depois de bem acostumado à nova vida dentro de casa, começaremos o desfralde externo. A tensão de sair a primeira vez sem fralda com risco de acidentes por vir. E finalmente o desfralde noturno, que acho que é a última fronteira a ser desbravada. 

Acho que é essa a ordem. Pelo menos é a ordem que eu acho que vou seguir. E já decidi que vou fazer gradualmente, sem pressa. Acho que do mesmo jeito que ele se acostumou com novos sabores, ele também vai passar a compreender e a se controlar. É preciso paciência e tentar enxergar se o momento é certo para avançar. Só que eu não faço ideia de quando esse momento certo vai chegar e nem se vou percebê-lo.

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Só uma coisa me estimula a seguir em frente agora: o preço pela hora da morte das fraldas descartáveis.

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Enquanto as minhas dúvidas sobre o desfralde estavam me paralisando um pouco, pois já tinha lido em algum lugar que o ideal para se começar o processo do desfralde é em torno de 18 meses ("nem muito antes e nem muito depois", segundo um pediatra famosinho que li num blog), nem reparei que o Davi já vinha se incomodando com a fralda quando chegava da creche. Especialmente nos dias de muito calor, quando eu já tirava a roupa dele assim que chegava em casa. Quer dizer, eu reparava que ele puxava a fralda, mas não agi. 

Daí que minha mãe estava um dia desses aqui e percebeu. E o levou ao banheiro e tirou a fralda. E o colocou em cima da privada, em pé mesmo, e disse: faz aí o xixi. E ele fez! Para meu espanto. 

Bem, fazer xixi de pé na privada não é lá muito seguro. Então, no dia seguinte, ela conseguiu que ele fizesse o xixi no penico, mas de pé. "Menino faz xixi de pé". Não achei lá muito prático essa coisa de ficar segurando o penico e torcendo pra ele acertar. Então, no oooutro dia, eu já sozinha resolvi arriscar e perguntei se ele queria fazer xixi. E ele fez. No penico. Lindo. Jogamos fora e demos tchau. 

Fantástico, eu pensei, estamos engrenando no desfralde. E para minha surpresa, já consegui que ele fizesse seu primeiro cocô no penico. No final de semana, pedi que ele se sentasse no penico pra fazer xixi, mas senti que podia vir algo mais. Pedi que ele fizesse força e ele, me imitando, fez a tal força (com direito à mesma careta que eu fiz) e lá apareceram. Duas bolotinhas felizes, pulantes, marronzinhas (nojento, eu sei, mas mãe é bicho besta que fica feliz com a m... dos filhos). E ele parou no meio pra brincar com o próprio cocô assim que o viu. Ok, vitória parcial, mas um grande passo!!! Jogamos fora, demos tchau pra descarga e vida que segue.

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Eu, que estava toda prosa como a expert do desfralde, achando que o início estava indo de vento em polpa, tomei um balde de água fria. Me empolguei com os resultados e me excedi. Parece que esqueci o combinado comigo mesma, de levar as coisas devagar, conforme o ritmo dele.

Num dia desses de volta da creche, pedi pra ele ir no banheiro fazer xixi e ao ver o penico o menino travou. E começou a chorar descontroladamente, coisa que ele raramente faz. Acho que ele queria colocar a cueca, sem antes fazer o xixi. E quando eu reforcei que tinha de fazer o xixi antes pro bem do meu sofá e do meu tapete, o choro se instalou. Mudei de assunto, coloquei a fralda e vi que tem de ser mesmo com calma. Não vai ser todo dia que ele vai querer fazer e não vou forçá-lo. Sem pressa, sem traumas. 

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Nesse meio tempo, resolvi encarar um livro sobre o qual já vi muita gente de blog comentando, mas nunca tinha tido vontade ler. "A maternidade e o encontro com a própria sombra", da Laura Gutman. Resolvi ler por conta do desfralde. Li um trechinho na internet sobre isso e resolvi comprar. Acabei lendo tudo. Gostei tanto que dei de presente pra uma amiga grávida. 

Sobre o bendito desfralde, o livro reforça essa questão da calma e da paciência, de levar as coisas no ritmo da criança. E o mais impressionante. Que os bebês em geral estão prontos para isso em torno dos 3 anos. Fiquei impressionada com a idade, mas achei bem coerente com a argumentação. Mais um motivo para eu ter paciência e não querer apressar as coisas.