segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A odisseia do corte de cabelo

E aí? Foram bem de Natal e Ano Novo? "Um bora" retomar esse blog? Nada melhor do que um causo para voltar aos registros do pequeno.

Para contar a história do corte de cabelo do último final de semana, tenho que voltar ao passado e relembrar os primeiros cortes. Melhor, tenho que relembrar que no início, essa ida ao cabeleireiro nem era necessária.

Davi nasceu com pouco ou quase nada de cabelo. E aos três meses, era careca, carequinha. Demorou até começar a ostentar uma vasta cabeleira, coisa que aconteceu quando ele tinha por volta de um ano e meio. Na primeira ida ao salão, tudo lindo e maravilhoso. Bebê entretido, não chorou, nem na hora de cortar a franja. Levei meio que de onda, porque cabelo mesmo pra cortar tinha bem pouquinho. 

Primeiro corte de cabelo: paz e tranquilidade reinaram

Nas outras duas vezes também foi assim. Uma tranquilidade só. Qualquer brinquedinho chamava sua atenção e o corte acontecia de forma pacífica. Até que, não sei qual o motivo, a ida ao cabeleireiro começou a se tornar um caos. Lembro bem quando se deu esse "turning point". O corte havia começado tranquilamente, mas acabou mal. Davi chorou, esperneou, mas cortou. Na próxima ida, ao reconhecer o salão, começou o mesmo nível de choro ao ver o ambiente e reconhecer o cabeleireiro, que por sinal é amigo do meu marido e tem uma paciência de Jó com o Davi, além de um carinho especial.

Fiquei com uma dó enorme de cortar. Tive que sentar na cadeira com ele no colo e segurá-lo. Pronto, pensei, já tô começando a traumatizar a criança. Por conta disso, comecei a espaçar mais e mais o corte. O pai nem ligava pro cabelo grande, porque assim cacheava um pouco e o tornava ainda mais parecido com ele. Eu era a única que ficava incomodada com aquilo. 

Imagina a cena de pegar seu filho na escola, depois de um dia quente de verão e muita correria pelo pátio? Chegava lá e o menino parecia que tinha saído do olho do furacão. Com parte do cabelo grudado na testa de suor e o restante totalmente bagunçado e alto, com um volume absurdo. As orelhas já estavam quase sumindo de tão grande que estava o cabelo na lateral. Só não sumiam porque o cabelo armava e ficava aquela coisa. Teve um dia que as auxiliares trocaram a roupa que eu mandei (sim, elas sempre fazem isso, mesmo eu colocando a bermuda que combina com a blusa junto, cada uma com seu respectivo par) e aí me deparei com aquele menino de visual largado: bermuda xadrez com blusa e meia listradas + o cabelo mendigo style. E pensei: "devem pensar que esse menino não tem uma mãe que olhe por ele, coitado, olha o estado da criatura". 

A foto está ruim, mas dá para ver como estava a situação... Periclitante!

Então, para solucionar pelo menos o problema do cabelo (porque o senso estético do pessoal da creche é mais complicado, rsrsrs), tomei a resolução de cortar independente da reação. Ah, vai sequelar a criança? Sequela. Mas tem de cortar o cabelo. E fui assim decidida cortar.

Chegamos ao salão e o foi aquele auê, logo na porta. Conversa com o cabeleireiro amigo, que indica mais dois salões, "especializados em criança", disse ele. Decidimos tentar, tudo para não fazer o Davi chorar. O mais perto de casa mostrou-se um fiasco. Fomos então a outro, mais distante. Tudo para não traumatizar o garoto. Mas ao chegar no estabelecimento, o moço do salão ainda me solta a seguinte pérola: "é só você segurar que eu corto qualquer cabelo". Dá para notar por esta declaração que o salão era realmente super adequado para crianças. Este moço merece inclusive um prêmio de cabeleireiro infantil do ano, tamanho jeito que ele tem com criança, não é não? 

Desistimos momentaneamente e Davi continuou com seu cabelo selvagem por mais uma semana. No último final de semana, bolamos uma nova tática. O pai cortaria o cabelo para ele ver que não dói, pra ele ver que é legal (e de quebra, ganharia um marido de cabelo cortado, ponto pra mim!). Vendo a cena e se reacostumando com o lugar, o Davi haveria de cortar o cabelo.

Dito e feito. Fez uma ceninha, chorou pedindo para o pai não cortar. Mas depois saiu do colo e brincou no chão com uns brinquedos. Deu para notar o avanço? Antes, ele não passava nem da porta. Terminado o cabelo do pai, chegou a vez dele. Cadeira virada de lado para ele não olhar no espelho, começamos os trabalhos. Levei ipad, celular, carrinho, um monte de coisa para distraí-lo. E ajudou. Mas era só ele ver a cena no espelho que começava a chorar. Mesmo assim, foi um grande avanço. Só tive de segurá-lo mesmo na hora de cortar a franja, parte mais delicada. Aí foi aquele choro de quem parece que está matando, que está morrendo, que está tendo um treco. Ele ficou vermelho, nariz escorrendo, uma beleza. Quando acabou a tortura, foi direto para o mamá (sim, peito ali mesmo, o melhor sossega-leão de todos). 

Foi imediato. Ficou quietinho. Levantou já com outra cara. E na saída até deu um abraço no cabeleireiro! Antes, ele não podia nem encostar no Davi! Depois dessa, saí com a consciência tranquila: não foi dessa vez que sequelei a criança. :-)

E aí ficou assim. Todo carinha de homenzinho, cabelo sempre arrumado. Um gentleman. Admirem só esse novo corte de cabelo e de quebra suas habilidades linguísticas super mega hiper desenvolvidas.