quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

3 anos

Tirando a poeira do blog por um bom motivo. Meu primeiro filho faz hoje três anos. E para comemorar em grande estilo serão três celebrações: uma festinha na escola, um bolinho em casa e a festa propriamente dita no Jardim Botânico. Vai ser show, vai ser delícia.

Mas o post é para falar menos de festa e mais de sentimento. É que grávida, especialmente nessa gravidez, tô meio mucho loka, com os hormônios subindo pra cabeça. Tanto para o lado bom (emotivo) quanto para o ruim (ataque de pelanca e irritação por muito pouco ou quase nada).

E tô aqui pra contar um desses episódios. Estava nesta semana, voltando do trabalho, e ouvindo no rádio do ônibus a música "eu sei que vou te amar", na nova versão da Ana Carolina para a novela. A música é linda, mas nem sou fã da cantora. Só que me tocou de um jeito, lá no fundo, porque comecei a pensar no filhote pequenininho e na trajetória que percorremos como família, desde o seu nascimento até aqui. Ainda pensei mais a frente, no seu crescimento, nos ganhos que ele está tendo e cada vez mais vai ter, na sua independência (ainda mais no trecho da música, que fala da despedida e da volta). E aí chorei. No ônibus mesmo. De forma contida, de óculos escuros, pra não fazer vergonha. Mas deu pra rolar umas lagriminhas discretas, um choro de lady, digamos assim.

Não sei outras mães, mas tive alguns episódios assim, que eu chamo de choro de amor, principalmente na época do nascimento do Davi. Um choro pra fazer desaguar um sentimento que do nada arrebata a gente, que aperta o peito meio que sem sentido. E isso eu já não sentia há algum tempo. A maior parte aconteceu quando ele era pequenininho, durante a fase de formação de vínculo, que comigo só se estabeleceu forte mesmo depois do nascimento dele. Na barriga, a sua existência e o amor que ela traria a reboque eram uma ideia mais romântica na minha cabeça. Quando ele chegou, é que o negócio pegou, deu liga. E foi uma enxurrada de sentimentos bons (junto com uns outros nem tanto, porque ser mãe para mim é cair em contradição algumas várias vezes).

Episódios desse tipo se tornaram mais raros, porque a rotina acaba por nos acomodar, por achar que ele sempre esteve e sempre estará aqui. Não nos deixa refletir sobre as coisas, sobre como é bom eu ter me tornado mãe e, principalmente, a mãe dele, do Davi. Só que o sentimento veio e forte, bem no ônibus.

Daí cheguei em casa e filhote já estava lá porque o pai já tinha buscado (papel que normalmente é meu, mas o trânsito do Rio de Janeiro está cada vez mais me impedindo de exercer). Abracei forte e chorei mais um pouco. Ainda contida, pra cria não me ver assim, né? Sequelar a criança por nada não vale. Só que não deu pra segurar muito tempo. No meio da janta, começou de novo o siricutico. E aí não me segurei e foi bem na frente dele.

- Mamãe, é o Levi que está nascendo?, disse olhando para mim, ameaçando também começar a chorar.

- Não, filho. Não é o Levi. Falta muito para ele nascer. E não se preocupa, porque a mamãe não está triste não. Eu só estou muito feliz com você, por isso que eu estou chorando.

- Mamãe, não chora. Você não está sozinha. Eu estou aqui com você.

E, óbvio, que depois dessa frase, fiz exatamente o oposto. Chorei mais um pouco (o mais contida possível para não sequelar a criança) e o apertei forte. De onde saiu essas duas últimas frases eu até desconfio, porque normalmente falo isso para ele quando é ele quem chora. Mas ouvir dele, naquele momento, teve outro significado. Pra mim, significou exatamente o que ele disse. Que realmente não estou sozinha, estou com ele, pra sempre, mesmo que nossos caminhos físicos se separem nos anos que estão por vir. Mas em pensamento, em vínculo, em amor, estamos conectados e nunca mais sozinhos.

Parabéns, filho! Feliz aniversário de 3 anos!