terça-feira, 24 de abril de 2012

Sobre apetite (ou falta de), preferências alimentícias e peso


Davi é um menino que só agora está gostando de comer. Para alívio de uma mãe que andava um tanto quanto preocupada com o peso do filhote. Finalmente, depois de um mês, Davi recuperou o peso antigo, de antes da pneumonia. Está com 10,815kg (5g de diferença em relação ao peso pré-pneumonia, então já considero que atingiu a marca – deve ter sido um xixizinho a mais ou a menos) e 81,5cm. Atingiu o mesmo peso, mas está mais 3,5cm mais “alto” (entre áspas mesmo, porque não tem como chamar um cotoquinho de gente como ele de alto hehehe).  

Depois do mini esporrinho do médico, cortei as mamadas durante o dia. A prioridade é a comida. Só de vez em quando, na hora do almoço, para ajudar a dormir o soninho dos justos (mais de uma hora na tarde do último sábado, um world record para o Davi).

Deixa eu contar esta saga em ordem cronológica para eu não me confundir. A alimentação do Davi começou com leite materno, quase exclusivo durante os seis primeiros meses. Digo quase, porque teve o episódio dos três dias com leite artificial por conta da icterícia gerada pela alergia ao meu leite materno. E teve também a introdução de suco de laranja lima e mamão com aveia para ajudar na prisão de ventre – ele chegou a ficar uma semana sem fazer número 2.

Depois disso, começou o martírio. Nunca curti muito essa coisa toda de fazer papinha. Aliás, sempre achei um saco. Preparar comida especialmente para ele, sem sal ou com bem pouquinho. Nunca acertava a quantidade certa e sempre ia muita comida pro lixo (eu odeio desperdício, ainda mais de comida e, consequentemente, de dinheiro). Se pelo menos ele comesse com gosto, ainda valeria o esforço. Mas não. Ele raramente comia tudo. Em geral, eram umas cinco (dia ruim) a dez colheradas (dia bom) e pronto. Trancava a boca. Se dava uma insistida um pouco maior, engasgava e vomitava. Aconteceram uns quatro ou cinco episódios desse em casa e dois na creche.

Então, a comida dele sempre foi muito amassada (isso quando não ia direto para o liquidificador para simplificar o serviço, mas a preferência era pela comida muito, mas muito bem amassada no garfo – ô saco) e ele só começou a comer pedaços mais sólidos depois que percebemos que na creche ele já comia (as antas dos pais fazendo papinha em casa, ele não aceitando e comendo arroz com feijão na creche – e se esbaldando).

Teve também a fase de comer bem só na creche e em casa só querer saber de mamar, especialmente quando estava mais doentinho. Perguntava na creche se ele estava comendo bem, se tinha almoçado, lanchado e jantado legal, e a resposta sempre era positiva. “Davi? Ah, ele sempre come bem!” E porque cargas d’água não comia comigo? Era o tempero? O tipo de comida? Tenho acesso ao cardápio semanal da creche e o que fazia em casa nem era muito diferente. Acho até que era melhor, pois começamos a temperar mais a comida dele na tentativa de fazê-lo comer.


Em função dessas dificuldades todas, eu e o pai nos valemos de algumas artifícios para incentivá-lo a comer. Já rolou serenata, aviãozinho, brinquedinho. De tudo, mesmo contrariando as orientações do pediatra: "hora de comer, é hora de comer; se não quiser, deixa com fome". Eu não consigo. E faço meus malabarismos e palhaçadas. Tudo em nome de um pratão bem batido! Atualmente, o hit da hora do almoço é o DVD da galinha pintadinha. Quem inventou esse negócio, merece o Oscar! Davi ama de paixão, fica entretido, abre o maior bocão. Está resolvendo que é uma beleza. É a carta na manga quando a boca tranca.

Hoje (mais especificamente no último final de semana), ele come bem. Come nas horas em que a comida é oferecida e numa quantidade razoável. Mas também se não oferecermos muita comida ou se já tiver passado do horário, ele não reclama. Fica brincando. Esquece de comer. Não que eu esteja esperando que ele vá me parar no meio do dia e dizer: “mãe, tô com fome”. Mas ele não se altera por conta de fome (também nunca deixei ele ficar muitas horas além do seu horário habitual para ver se ele se altera, né não?).

Começou a comer amaaando o mamão. Era a única coisa com garantia de aceite. Quando tudo falhava, para não deixar com fome, tacávamos mamão. Hoje o leque de comidas se ampliou e os preferidos são: pão (aaaama), feijão (quando está difícil de descer a comida, é só colocar um feijãozinho que ajuda a resolver – isso sem coar o feijão, só amassando, pois eu mesma só fui comer feijão com caroço na adolescência, pois só me davam o caldinho), açaí com banana (sei lá se tem muito açúcar ou coisas não muito corretas, mas ele ama de paixão), pêra ou maçã cozidas (sem colocar nada, só cozidinha mesmo, que já fica bem docinho). Aliás, a preferência ele, tirando o pão, é por doces, quer dizer, comida doce, porque ainda estou dando uma regulada nos doces muito doces.

E posso dizer que depois de um ano completo, dei uma relaxada legal na alimentação. Ele já come o que a gente come, só que bem amassadinho e cortadinho. Preparamos sempre a refeição do final de semana em casa, mas se por ventura estamos na rua e não levei a marmita pronta, não fico grilada de dar comida de restaurante (o que acontece sempre nos nossos cafés da manhã de final de semana, programa mais assíduo da vida pós-bebê). Nada de fazer papinha específica, sem sal, sem gosto, sem nada. Liberdade.

4 comentários:

Débora disse...

Liza,

Eu sinto que errei muito no início da alimentação do meu filho por conta das papinhas.
Eu fazia as sopinhas, depois as papinhas e muito horrível: usava também as industrializadas.

Como você, nunca curti essa coisa de fazer comida diferente e tudo mais.
Então, há pouco tempo li o livro "Mi niño no come" do Dr. Carlos González. Você já leu?
Lá ele falo sobre o erro das papinhas e de como a alimentação do bebê não deve ser muito diferente da nossa...
Tenho certeza de que com o segundo filho terei uma liberdade muuuito maior!!


Recomendo muito o livro!

beijo!

Liza disse...

Pois é, Debora. Aprendi na prática! Ele passou a gostar muito mais da comida quando começou a comer quase igual a gente (quase, porque de vez em quando eu dou uma derrapada no fast food...hehehe).

No mato sem cachorro disse...

Não vai demorar muito e ele vai escolher o que quer comer, mas aí é outra história... Acho melhor curtir esta fase com toda a intensidade, e de preferencia oferecendo muuuuuuuita variedade, de preferencia FRUTAS, que são saudáveis e fáceis de encontrar e preparar. Esta era nossa prioridade na alimentação de vcs, acho que deveria ter oferecido mais legumes e verduras, mas tb não se pode acertar em tudo, né? Bj

V@léria S@ndry mamãe de Gustavo e Gabriela disse...

Oi amiga, amei o seu blog, ficarei imensamente feliz se vc conhecer o meu cantinho. www.gustavoegaby.blogspot.com
Bjinhus