quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sobre desfralde

A pessoa nasce e se adapta a toda uma vida de acessórios que atendem suas necessidades. Ela só conhece ser daquela forma até que chegam os dois anos. E aí tem que se desfazer da fralda, do berço, do carrinho, da chupeta, da mamadeira. É um período de adaptação e eles saem da fase bebê para a fase criança.

Posso dizer que estava tensa com essas mudanças. Como tirar fralda de um ser humano que desde que nasceu só sabe fazer suas necessidades quando bem entender? Como praticamente nunca ficou assado (muito raramente só um vermelhinho), imagino que a fralda era um conforto para ele. E, como escrevi aqui, pra gente também era.

Só que um dia veio um comunicado da escola. Queriam começar a tirar a fralda do Davi. A psicóloga julgava-o maduro o suficiente para tal. E queriam saber se a gente topava ir adiante, pois não adiantava começar na escola e, em casa, ele seguir de fralda o dia inteiro. Davi tinha dois anos e pouco, acho que dois anos e dois meses.

Fiquei tensa, conversamos com eles. E decidimos seguir adiante. Na segunda-feira seguinte começaria o desfralde na escola. Preparamos o arsenal (quatro mudas de roupa, incluindo camisas, shorts, meias e cuecas) e um outro tênis na mochila. Só que resolvi começar em casa, no sábado, para ver como ele iria se comportar. Se estivesse muito complicado, voltaria atrás na escola e pediria mais tempo para ele.

E para minha surpresa, foi fácil. Moleza. Tranquilíssimo. Fiquei de cara, boba mesmo.

A tentativa que havia feito há alguns meses atrás tinha sido meio ruim e por isso voltei atrás. Só que dessa vez não foi. Realmente ele estava pronto. Aceitou todas as vezes que o levamos ao banheiro, inclusive para fazer número dois. Só tivemos uma escapada no final de semana inteiro, logo depois que ele comeu melancia (aí também já seria esperar demais). Uma vez tirada a fralda, não colocamos mais. Nem pra soneca da tarde. E a semana na escola também ocorreu de forma tranquila. Foram poucas escapadas e logo já não era mais necessário mandar aquele arsenal todo.

No início, Davi não pedia para ir ao banheiro, mas aceitava que a gente o levasse. E levava TODA hora. Até que começamos a espaçar os intervalos. E ele passou a “pedir”: segurava o peru e olhava pra gente. Daí, corríamos pro banheiro e era certeiro. Engraçadíssimo! E uma mãe de um coleguinha dele da escola falou que o mesmo acontecia com o filho. Será coisa de menino? E é impressionante como eu e o pai sabíamos ler a expressão dele, que informava que tava na hora de ir ao banheiro.

Desde então os livros se tornaram a melhor ferramenta no banheiro. Foi uma ótima estratégia, porque o chamava para ler um livro quando sentia que estava soltando muito pum (thanks for sharing... :-/ ) ou logo depois de uma refeição (tipo passarinho; comeu, cagou). Hoje em dia ele mesmo pede o livro se sente que vem algo diferente.

Aliás, hoje, passados uns meses desde o desfralde diurno, ele já pede mesmo, com todas as letras. “Mamãe, quer fazer xixi”. Fofo. E ainda espera um pouquinho. Não precisamos mais daquela sangria desatada de sair correndo pra leva-lo ao banheiro. Dá para achar um banheiro (se estivermos na rua) e leva-lo com calma.

E posso dizer que foi um alívio, uma benção, uma dádiva não ter mais que limpar fralda suja. Ainda mais de número dois! E nosso bolso também agradeceu, pois o consumo de fralda caiu vertiginosamente.

Porém não atingiu ainda o zero. Davi ainda dorme de fraldas. O desfralde noturno são outros 500. Até tentei umas duas noites deixa-lo sem a bendita fralda (pq em alguns dias a fralda amanhecia seca), mas no final da madrugada, lá pelas 4 da manhã, ele fez xixi. Resolvi desencanar por enquanto e deixa-lo ainda de fralda à noite, até por conta do processo de desmame noturno. Já era mudança demais pra cabecinha dele. E pra minha tb.

Então, vamos por partes. Primeiro consolidar bem o desmame noturno. Ok, isso já foi. Agora é não dar mais o substituto do peito (Mucilon) de madrugada. Bem, estamos quase lá. Já é normal não termos nenhuma acordada de noite em que ele solicite o Mucilon, mas ainda acontece. E, depois de vencida essa fase, aí sim partiremos para a retirada da fralda noturna. Ou antes disso, sei lá. Vai ser quando sentir que ele realmente estiver preparado. Só espero reconhecer quando isso acontecer de fato.

3 comentários:

Dayane disse...

Liza, saudades de você e de ler sobre o pequeno Davi. Vez ou outra eu passava ora ver se tinha alguma novidade, que bom que voltou, conte-nos tudo não esconda nada! hahaha
Ah o desfralde. Nada melhor do que quando a criança está realmente pronta n é? Com Leah foi bem parecido. Tranquilo, com poucos acidentes. E agora ela so usa o vaso grande, nem penico mais eu preciso limpar. Uhuuuu Acho que eu ate ja poderia tirar a fralda noturna, mas como não controlo os líquidos ingeridos antes de dormir ainda prefiro colocar só no caso. Ela usa a mesma fralda varias noites porque acorda sequinha.
Que bom que com o Davi foi facim, facim! Beijos

Raphaela Rezende disse...

Que facilidade!! É só a criança estar pronta que tudo acontece tranquilamente, não é?

Abraços,

Rapha

Ciranda Materna

No mato sem cachorro disse...

Filhos ensinam um bocado a gente...

Continue escrevendo Liza, sentimos falta dos seus relatos detalhados e esclarecedores sobre essas tarefas que parecem um bicho papão, mas só até as encararmos. Beijo