terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sobre o desmame noturno

Voltei! Tem muita coisa pra contar, pra deixar registrado aqui (fico às vezes, no meio do dia, pensando em como poderia escrever este ou aquele assunto). Só pra falar alguns temas: desfralde, férias, início do maternal, soneca diurna, melhor amigo, quarto novo... Enfim, assunto demais e pouco tempo pra escrever. Mas não poderia deixar passar batido a semana mundial de aleitamento materno (escrevi sobre o tema no ano retrasado aqui ó) pra falar sobre um assunto que, literalmente, tirava minhas noites de sono: desmame noturno.

Mas antes queria dizer que Davi, no auge de seus quase dois anos e meio, ainda mama. E ama. Venera. Adora. E tem mais, fiz aquilo que sempre ouvi (do meu pediatra e de outras pessoas) que não seria o mais adequado: associei o peito ao sono, mais precisamente ao final de todo o ritual que o precede.

Posso afirmar com todas as letras que não me arrependo de ter feito essa associação. Foi muito menos uma estratégica bolada maquiavelicamente pela minha pessoa para garantir um rápido adormecer da cria, mas sim algo que aconteceu, instalou-se na nossa rotina de forma natural e, a meu ver, beneficiou a família toda. Foram noites sem brigas para fazer criança dormir e sem depender de outros apetrechos, como chupeta e mamadeira (que Davi nunca usou, yes!!!).

Só que isso tudo me condenou a noites e mais noites mal dormidas. Num grau e num nível literalmente desumano. Até a minha intervenção (sobre a qual já vou falar, guenta aí), só havia dormido uma noite inteira em uma semana quando o Davi tinha uns quatro meses. E isso graças ao seu polegar, pois foi nessa época que ele começou a chupar o dedo e por algum milagre secreto do universo ele não requisitou o mamá para adormecer (mentira, não foi milagre, foi a sua necessidade de sucção atendida pelo próprio dedinho). Até comemorei aqui ó, tolinha eu.

Com noites melhores e piores, passamos pelos seus dois anos de vida com uma média de três acordadas durante a noite (média alcançada com meu próprio achismo, porque nunca registrei na ponta do lápis número de mamadas noturnas). Uma noite considerada boa tinha umas duas acordadas depois que eu fosse dormir (porque às vezes ele acordava antes das 10h da noite, mas aí era irrelevante, pois não me tirava do meu soninho sagrado). Agora uma noite ruim, ruim mesmo, tinha mais de cinco acordadas. As piores foram aquelas em que eu nem percebia se estava dormindo ou se estava acordada. Era um mamar praticamente non stop. Dava de mamar deitada mesmo. Os momentos de sono e os momentos acordada se confundiam. Realmente não dava pra contar (e eu tb não queria, pois olhar as diversas vezes no relógio só para ter uma noção de tempo entre uma mamada e outra me dava uma leve deprimida).

Essa aí foi mais ou menos a nossa rotina e eu, de novo tolinha, achava que depois de dois anos (minha meta e da OMS) estava de bom tamanho e ele mesmo se desinteressaria. Achava que aos poucos o número de mamadas iria diminuir gradualmente e o desmame se daria de forma natural. Só que não. Bem, mais ou menos. O peito diurno já estava há algum tempo reduzido a uma ou duas vezes, sempre antes de dormir. Só que o noturno não diminuía; pelo contrário, aumentava.

Davi sempre comeu pouco. Ao voltar da creche, morrendo de sono, tinha preguiça ou muito cansaço para comer. Comia pouco, tomava banho e ia mamar. Apagava. Só que me solicitava inúmeras vezes à noite. Com o passar do tempo, conforme minha produção de leite diminuía, suas acordadas para mamar aumentavam. Havia sido instaurado o hábito de mamar para retornar a dormir e aí foi ladeira abaixo. Tinha fome, vontade de estar perto ou simplesmente tava afim e lá ia ele mamar. E eu deixava. Porque gostava (sim, teve uma época em que a cama compartilhada me fez um bem enorme, pois sentia muita saudade dele durante o dia e era uma forma de compensar, pra mim, essa "perda"), porque era prático, porque era o melhor pra ele, porque achava que ele estava magro demais e não podia tirar essa fonte de alimento tão rica, porque, porque, porque...

Até que aquilo tudo começou a me incomodar demais. E li um artigo que dizia que maternidade com apego não queria dizer maternidade sem limites. Senti que deveria sair de uma situação passiva para uma mais ativa. Seria melhor pra ele, para mim, para o pai, para a família toda. O esquema que havia sido implementado não estava funcionando mais.

Bolamos então uma estratégia, que segui mesmo numa semana difícil, quando o Davi torceu o pé e teve de engessar (olha aí mais um assunto pra falar aqui!). Conversaria com ele, explicando que o mamá tinha hora, somente antes de dormir. E só. Cabou. Além disso, coloquei um substituto em seu lugar, o Mucilon prontinho (sim, um industrializado que sempre tentei não dar, mas precisava ter algo para oferecer no lugar do peito porque sentia que ele tinha fome mesmo, por em geral jantar muito pouco em função do cansaço do dia na creche).

Os primeiros dias tiveram algumas resistências, mas bem menos do que imaginei. Impressionante como havia subestimado a capacidade de entendimento dele. Ao explicar o fim do mamá noturno e repetir o mesmo discurso todo dia, (todo dia mesmo, até hoje, dois meses depois de ter feito esta intervenção) vi que ele começou a assimilar a nova rotina rapidamente e aceitou o Mucilon como substituto durante nossas madrugadas. O conteúdo do Mucilon saciava sua fome e suas acordadas ficaram menos frequentes. Na última noite por exemplo, uma boa noite por sinal, não tivemos nenhuma acordada! Ele tomou Mucilon antes de dormir e outro só ao acordar de manhã, às 6h20. Mas em geral ele toma dois Mucilons durante a noite e rapidamente volta a dormir. Toma no canudo, no meu colo ou do pai (que pode dar, antes era só comigo pq peito só tenho eu).

O aleitamento materno continua e não tenho pressa para retirar. Ele ainda mama uma vez, para dormir. No final de semana, às vezes duas vezes, uma antes da soneca da tarde e outro à noite antes de dormir. Como eu disse, ele ama o peito, mesmo. Não demonstra desinteresse; pelo contrário, se eu incentivasse, ele mamaria mais. Ainda tenho leite, acho que até bastante, considerando que o Davi já tem mais de dois anos.

Mas já deu, esse tempo já passou (ou está passando). Até achei que ia ficar me sentindo meio órfã, pois sempre gostei muito. Só que não. Cheguei a me sentir um pouco nostálgica, mas não triste por estar chegando ao fim desta etapa. Na verdade, o sentimento é de conquista. Sinto que fiz mesmo o meu melhor por ele nesse sentido. Estive presente e disponível sempre que fui solicitada, mas aprendi que essa disponibilidade não pode ser desregrada nesse momento. Meu comportamento se adequou à fase da vida em que ele se encontra (não fazia sentido manter um padrão noturno de RN com uma criança de dois anos e pouco).

E assim, por enquanto, está bom. Esse esquema voltou a funcionar. Até que chegue o momento em que será necessária uma outra mudança. Meu sono agradece.

3 comentários:

No mato sem cachorro disse...

Nada melhor do que a sensação do dever cumprido, e diria que, com muita sensibilidade. Você seguiu sua intuição, mesmo com tantas opiniões contrárias e chegou a conclusões ouvindo principalmente seu coração e o Davi. Acho que um vínculo forte foi criado entre vcs dois e que se manterá pra sempre. Essa é a grande recompensa. Parabéns, filha!

Nanda Beloni disse...

Estou tentando tirar tb... Minha filha tem 2 anos e meio... Ela revezava nas mamadas noturnas peito e mamadeira, e agora estou tentando cortar os dois... Nossa primeira noite está sendo em claro 😌

Nanda Beloni disse...

Estou tentando tirar tb... Minha filha tem 2 anos e meio... Ela revezava nas mamadas noturnas peito e mamadeira, e agora estou tentando cortar os dois... Nossa primeira noite está sendo em claro 😌