quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sentimentos de uma mãe de primeira postagem

Oi, você que está me lendo agora... Deixa eu me apresentar: eu sou a mãe do Davi. Não sou mais só a filha do Beto e da Miriam, a mulher do Tide, a jornalista da Petrobras... Agora eu tenho uma nova identidade: sou a mãe de um menino que se chama Davi. E para compartilhar essa jornada com pessoas queridas, resolvi criar esse espaço.

E, como estreia nesse mundo virtual, ao qual eu tenho certa preguiça (confesso), resolvi escrever sobre esse sentimento do que é ser mãe. Estava devendo isso pra uma pessoa muito especial, que colocou no papel o seu sentimento de trazer alguém ao mundo. Esse alguém era eu e essa pessoa, meu pai.

O texto do meu pai vem abaixo e o meu logo depois. Bem vindo à vida de Davi!

Ser Pai
Sua mãe estava muito animada, até mesmo excitada.
Aí veio a bomba: - To grávida!!
Normalmente demoro um pouco para responder, mas desta vez foi na lata: - Tem certeza?
Não havia nenhuma dúvida.
O que vamos fazer?
Não, não vamos tirar...mas e aí?
Não quis cortar a sua animação da sua mãe.
Falei que íamos conseguir. Tudo iria ficar bem.
Procurei arrumar uma desculpa para sair logo. Tenho que estudar, algo assim.
Quando cheguei à rua, minha cabeça latejava. Que merda!
E agora? Vou ser PAI.
Parecia que eu estava carregando uma tonelada nas costas. Fui até o ponto de ônibus.
O ônibus ta demorando. Entro no primeiro que passou e sento.
Fiquei olhando para rua, mas meus olhos não focavam em nada.
Tudo ia ficando para trás. E a cabeça doendo.
Quando dei conta o ônibus já estava no Aterro. Deixa pra lá. Deixa seguir, depois eu volto.
O ponto final é no Leblon. Aí resolvi ir até a praia. Fui andando pela calçada até o mirante.
E vi o mar. Queria que ele me falasse o que fazer. Como eu poderia ser pai? O que eu iria fazer com um bebê?
Ele não me respondeu. Só  batia na areia. E ia e vinha, repetindo as batidas. Às vezes parava, seguindo a própria vontade. Não a minha.
Neste vai e vem, o mar foi embalando minhas preocupações.
Elas adormeceram. Foram lavadas, ficaram brancas como a areia da praia.
Olhei para frente e vi o horizonte do mar. Não dá pra ver outro lado.
Cheio de possibilidades como um filho que está por vir.
É isso!
Alguém está vindo. Não consigo ver o outro lado.
Alguém está vindo. Cheio de incertezas. Mas se move segundo sua vontade.
Imenso e belo como o mar.
Voltei para casa tranqüilo. O corpo leve como quem acabou de pegar umas ondas.
E foi assim que eu mergulhei na idéia de ser Pai.


Ser Mãe

A ideia da sua existência era certa, mas sempre foi muito distante. "Filho? Ah, isso é algo pra daqui uns 10 anos...", eu dizia. O tempo foi passando e seu pai dizia que já tinha chegado a hora. Eu estava ainda na dúvida: será mesmo? Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que o momento perfeito, ou melhor, que na minha cabeça eu julgava perfeito, nunca chegaria e resolvi deixar acontecer. Dar o benefício da dúvida ao destino... O primeiro teste de farmácia negativo, o primeiro baque e a certeza de estar no caminho certo.

Quando finalmente a listrinha apareceu no bendito teste, veio a notícia: tava grávida! Tinha um serzinho dentro de mim! Risadas nervosas acompanhadas de um pai ainda incrédulo com o resultado são as minhas lembranças mais vivas daquele dia. E hoje, enquanto escrevo esse texto, com você no meu colo, percebo o quanto foi bom ter deixado o meu controle sobre as coisas de lado, de ter me deixado levar pela vida, que no final das contas me levou exatamente ao ponto onde eu queria chegar: ser Mãe.

4 comentários:

Mário Cesar Filho disse...

Sensacional! O texto do seu pai realmente é emocionante assim como o seu. Seja bem vinda ao mundo dos blogueiros e será ótimo passar por aqui e acompanhar suas histórias, como mãe de primeira viagem! Estamos com saudades!
BJs

Miriam disse...

Oi filha, sem palavras, ou melhor, cheia de palavras mas um nó na garganta de emoção. Belo texto como era de se esperar. Quanto ao seu pai, ele vai ter que me explicar direitinho sobre este texto. Vc acredita que ele nunca me mostrou? Mas é assim mesmo, cada um com seu universo secreto, e a gente o vai descobrindo devagarinho. Assim vai ser a vida do Davi, cheia de surpresas, e não adianta olhar pro mar que ele não vai lhe contar, apenas lhe dará a calma necessária da espera. Beijão, amo vc e os outros dois.

Paty disse...

Também estou sem palavras. Deve ser mesmo um sentimento incomparável. Aproveite cada momento! E coloque fotos pra gente ficar babando!

Ju disse...

Que lindo Liza! Realmente deve ser uma sensação indescritível e uma mudança na vida... Muito bacana o texto do seu pai, e o seu também! Taí uma idéia legal de "copiar", deve ser emocionante para o filho ler essas coisas no futuro, olhar para trás e ver como tudo aconteceu!
beijos, ju